quinta-feira, 8 de abril de 2010
"Apenas 100 metros de vida..."
Triunfantemente, me dirigia à porta do elevador. Mais do que meros minutos me fizeram tomar aquela decisão, foram anos. Plena reflexão sobre meus atos nesse mundo preto e branco. Onde haveria cor?Estamos sujeitos a pressões psicologicamente nojentas que nos testam para saber se conseguiremos sobreviver perante esse mar de futilezas.
Eu e a minha racionalidade, caminhávamos juntas sem desvios à multidão que nos cercava.Eles não mereciam um pingo de satisfação ou detalhes do que iria acontecer dentro de alguns instantes.Inúteis.Bonecos dos quais eu fazia parte,mas custo a aceitar que me influenciara pela subcultura da qual eu manifestaria suas revoluções.
Era incrível não conseguir expressar qualquer sentimento.Minhas mente rebobinava fatos felizes, na luta para me fazer mudar de idéia.Só que já era tarde demais.O tal órgão que batia em meu peito só funcionava, naquele momento,para bombear sangue até as devidas partes do meu corpo que me conduziriam ao meu objetivo:a morte.
A porta se abre, a entrada para o inferno.Poucos conseguiam olhar com tanta clareza para trás,mas era a minha despedida daquele mundo.Meus olhos atravessaram a sala,expressando o contentamento de um adeus e sentindo toda a energia de espanto daqueles seres inferiores.No entanto, em um dado momento, tais olhos podres avistaram um intruso na festa.Meu anjo corria desesperadamente em minha direção.Não utilizava as asas , até porque era meio humano.E por ser, seu comportamento desesperador com lágrimas se diferenciava de qualquer rosto angelical.
Barrou a porta do elevador e me colocou contra a parede,permanecendo imóvel e de cabeça baixa.Daí eu pude observar além das suas calças rasgadas,os pés descalços, as tatuagens angelicais e as asas com penas bagunçadas.Seu choro ecoou pelo elevador, seguido de um abraço.Parecia uma criança que não se contentava com meu olhar podre e determinado a finalizar aquela história de contos de fadas medíocre.
Entretanto, em um segundo tudo pareceu um filme.Uma rajada de vento empurrou meu anjo para longe de mim, entre berros.A voz dele orava por minha vida e ao mesmo tempo suplicava para que eu pulasse do elevador,mas minhas mãos escorregaram durante a trajetória.As portas se fecharam e meu único reflexo foi por a mão no rosto e sentir filetes de lágrimas entre os dedos.
Fiquei com meus pensamentos clichês.Barbarides de uma vida mal vivida e que de certa forma,não valia a pena mostrar o restos das esperanças que já se encontravam em cinzas.
Eu sabia que tinha algo à terminar.Logo, me levantei rápida e confiante para apertar o botão que me levaria ao inferno.O único espetáculo perfeitamente calculado na vida que eu não queria ter e que, pela primeira vez, me proporcioria o coração vivo e a alma em chamas.Frutos de um verdadeiro ser humano.
//dreamsgreen
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