terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pensamentos Maléficos


A língua ligeira entre os lábios alheios, encaixados como se fossem um só,por poucos segundos.O convite indiscreto para segundas intenções.Segredos obscuros em um só movimento, que aos olhos de outros, não passa de um simples toque inocente sujeito a futuros arrepios e na cabeça, somente planos.
Por que tudo isso não evaporava daquela mente ansiosa? A hora inapropriada para imaginação, mesmo que tal representação ,de um desejo escondido ,estivesse saciando parcialmente as dúvidas sobre a textura da boca sobre a pele.
Já não bastasse a vontade de rasgar suas roupas, minhas mente formulava planos diabólicos sobre tocar seu corpo nu.Iam muito além de um simples toque ou o roçar de partes sobre as partes, tem a ver com a carne; com o tesão de sentir cada milímetro do corpo quente com a boca, com as mãos ou qualquer pedaço de pele que queria ter a responsabilidade de causar o arrepio. Tudo isso causando um fôlego que não se dissipa, acionando bocas que se abrem e fecham, objetivando janelas embaçadas.
O fato era que ,por mais que eu tentasse não me entregar, de minha boca só saia palavras que traduziam o estado em que me encontrava: estado sexualmente alterado.
É inútil ouvir a razão diante de tal desenho perfeito e tentador.O olhar incisivo e o morder de lábios são uma sequência clássica e rápida que, eventualmente, permanecem no começo, meio e fim, sem ensaios. A tortura perfeita.

//dreamsgreen

domingo, 8 de agosto de 2010

Aniversário biologicamente calculado



Um ramalhete de flores despedaçado foi o que recebera da pessoa errada.Infelizmente, a única que tenha te dado atenção fora do conjunto de pessoas, que como cascata, sempre ensaiam uma nova maneira (quando não continuava a mesma) de dar felicitações de aniversário.
Sua bancada de trabalho estava imunda. Um livro novo sobre vampiros, colares coloridos( que pareciam ser da moda naquela época), o celular que tanto desejara, o vestido que sua mãe a presenteou( mesmo sabendo que ela não gostava de vestidos)e o ramalhete no chão; entre outros presentes que se amontoavam aos materiais de trabalho, canecas de café, jornais amassados e garrafas de energéticos.Não era uma visão das melhores.A lembrança de sua mãe mandando arrumar aquela bagunça a fez sorrir afinal. No entanto o que era um aniversário mesmo?
Bem... de acordo com a tradição, serve para comemorar mais um ano de vida.Biologicamente falando, para parabenizar porque seu corpo cresceu, sua voz ficou mais grossa, suas células aumentaram de quantidade e seus hormônios estão trabalhando de acordo com o programado do corpo.
E o social?Por ter deixado de chupar o dedo, por aprender a falar, por adquirir maturidade, um emprego, confiança para dizer "eu te amo" ou até por ter aprendido a falar outra língua. Isso não era pra ser comemorado?
Presentes. Não eram os que ela queria.Em parte, os que queria deveriam ser auto-presenteados, mas não que fosse uma ação fácil.Ela nem sabia por onde começar.O cognitivo era batalhado, mas e o ego?A parte sentimental da "coisa"?A maturidade, o desapego, a busca por alcançar sucesso a todo custo?O equilíbrio entre a seriedade e serenidade?A independência?O saber amar?A certeza dos sentimentos e o esquecimento da subjugação?
Dezenove anos... ou eram quatorze?” O que era aniversário mesmo?As coisas continuam as mesmas, afinal!".


//dreansgreen