sábado, 20 de novembro de 2010

Será que o mundo esperava por mim?


Deitada na cama sem muito que fazer, eu permanecia imóvel. Acho que só meu coração que fazia a sua função inalterável - para uma pessoa saudável- que era bater. Bombeava sangue pelos caminhos que levavam ao aparelho programador de meus pensamentos repentinos, criativos e preocupantes, ao mesmo tempo em que o subconsciente ajustava minha razão ( ou seria a realidade educacional adquirida no decorrer de uma meia vida?)
Será que era tão difícil entender como andar nesse mundo novo, no qual eu me encontrava?Pé esquerdo e direito. Um atrás do outro. Poxa!Eu aprendera isso quando nem sabia o que era a vida e agora que eu sei, eu desaprendi. Uma coisa tão bem ensaiada, tão fácil e tão presente, eu esquecera.
Sei que nas últimas vezes, na época em que eu andava (bons tempos!), havia começado a olhar para meus clássicos all stars. Que estranho!Estava andando diferente. Uma mistura de modelo com curvatura delineada, pomposa e superior. Mesmo assim, continuava a usar os clássicos (único detalhe que não mudara). Isso me fez sorrir.
No entanto, neste momento solitário, me recordara da correria que acabara de sentir. Os meses se passaram e parece que meu futuro já está sendo escrito sem minha direção. Assinara o contrato sem ler. Aquilo era uma obrigação? Ou uma emoção estrondosa com finalidade de lucrar com audiência sentimental?Que bobeira. A direção era minha, o texto era meu, a vida era minha. A consciência, que eu não tinha na época dos primeiros passos, era abundante.
Eu realmente, tinha medo. Medo de tropeçar, já que havia aprendido, nos meus primeiros passos, que deveria ir devagar. Respirando fundo a cada vitória, a cada momento, a cada abrir e fechar de olhos, a cada mês.
Eu não queria que ao invés de caminhar, eu corresse. Chegasse na linha de chegada cansada, a tona , com uma lista imensa de sonhos sem uma marcação de "ok".Mas, os sonhos não poderiam ser dobrados e vividos duplamente?
A mão na cabeça não indicava "sim, senhor!", indicava preocupação. Será que eu estava viajando demais?Não era a primeira vez que entrava nesse mundo. Nas outras vezes, eu dei as costas, fechei a porta e joguei a chave fora. Só que dessa vez é diferente. Algo me diz para não seguir o medo infantil de antes. O medo que me fazia afundar nos travesseiros e me entregar aos ursinhos decorativos, de uma cama que já teve muita história para contar sobre noites de insônia e lágrimas.
O texto era outro, o olhar era outro, o toque era outro. Gerações se diferem. Não há como ser igual. Ou há?

//dreamsgreen

2 comentários:

Gutt e Ariane disse...

Na maioria das vezes, é sempre gratificante qdo fazemos esses reflexões a cerca do que éramos, do que somos, e do que gostaríamos de ser, algumas projeções.
O que não rola apenas, é ficar se lamentando por aguas passadas...
Muito boa sua escrita... Li e tive que reler, pq por duas ou três vezes, graças ao que estava escrito, parei para viajar nos meus pensamentos e perdi o foco! rsrs.
ou seja, se a intenção era mexer com a cabeça alheia...bingo!!
Parabéns pela escrita!

Versos Controversos - Alan Salgueiro disse...

O que impressiona é apreciar tanto uma narrativa de alguém que mal se conhece e que na passagem de linha a linha vê-se identificadas reflexões, pensamentos, perguntas-chaves diante de obstáculos anteriores ao próximo passo (com ou sem all star) hahaha!

Cheguei aqui por acaso e sinto que meu felling para bons caminhos continua aguçado!

Saudações, Juliana!